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Capítulo 34 - Vajramushti

  — Errado! Fa?a mais uma vez — disse Liang, com uma forte batida de seu bast?o na perna esquerda de Alex.

  O frescor da manh? passava suavemente pelo corpo do jovem, trazendo calafrios ao tocar o suor em seu corpo. Cada manh? come?ava antes do alvorecer, com medita??o e exercícios de respira??o, seguidos de práticas de movimentos que enfatizavam o equilíbrio, a agilidade e a precis?o. Mestre Liang era um instrutor rigoroso, mas justo, sempre atento aos limites e à evolu??o de seus alunos.

  Cada sess?o de treinamento era intensa, exigindo n?o apenas fisicalidade mas também uma conex?o espiritual e mental, algo que Alex nunca havia experimentado em seus treinamentos anteriores.

  — Cada golpe deve ser como a batida de um cora??o: necessário, preciso, vital — instruiu Liang, enquanto corrigia a postura de Alex durante um exercício. — Sinta o movimento fluir de dentro para fora, como a água que flui de uma fonte.

  “A luta é ganha ou perdida muito antes de os punhos se encontrarem. é na quietude da mente que as batalhas s?o resolvidas”, pensou o jovem, lembrando das instru??es dadas dezenas de vezes enquanto girava o corpo para tentar mais uma vez o movimento ensinado.

  — Errado! — um novo golpe o atingiu, a reclama??o do velho homem surgindo em seus ouvidos como um martelo. — Você é uma decep??o, saia da minha frente por hoje.

  Com um suspiro pesado, Alex saiu da sala, sendo inesperadamente recebido por seu amigo e companheiro de treino, Wei. Wei era um jovem monge de personalidade vibrante e apaixonado pelo aprendizado, seu corpo era magro e seu cabelo um castanho acinzentado. Os dois iniciaram juntos o treino sob a orienta??o do Mestre Liang, mas a base do monge era muito mais sólida do que a do ca?ador, fazendo-o avan?ar muito mais rápido nos últimos dois meses.

  — Bom dia, Alex! Como foi o treino de hoje? — Wei perguntou, sorrindo.

  — Você sabe… ele n?o está facilitando — respondeu Alex, sua falta de entusiasmo era evidente.

  — Essa semana estou muito atarefado com o trabalho, mas se quiser podemos treinar um pouco durante minha folga. Bom, estou atrasado para o treino, nos esbarramos por aí em breve!

  Com um aceno de despedida, Alex seguiu seu caminho. Ele notou a boa inten??o de Wei, mas sabia que um treino ou outro a mais n?o seria o suficiente para uma melhora significativa.

  “Parece que chegou a hora de ver a Ana”, refletiu ele, com um olhar cansado.

  Com um novo brilho nos olhos, Alex seguiu em dire??o ao campo de treinamento. Ele sabia que a líder de seu grupo conseguiria ajudar, mas n?o se sentia bem sendo t?o dependente.

  O campo de treinamento dos soldados estava em plena atividade quando ele chegou, com Ana supervisionando uma sess?o de combate.

  Júlia estava entre os soldados, sua energia aparentemente infinita apesar do ritmo extenuante. Alex sorriu ao vê-la em a??o. Quando ela o notou, acenou alegremente, e ele devolveu o gesto com um sorriso caloroso.

  — Ei, Ruiva! — Alex chamou, usando um apelido carinhoso.

  Júlia riu ao ouvir o apelido e acenou para Alex, chamando-o para se juntar a ela.

  — Alex! O que traz você aqui? N?o conseguiu mais aguentar o treino dos monges?

  — Algo assim, o Mestre Liang está sendo um pouco... difícil — Alex admitiu, sua voz refletindo a frustra??o do dia. — Vim ver se Ana pode me ajudar.

  Ana, que estava ajustando a postura de um dos soldados, ouviu a conversa e se aproximou.

  — Olha só quem decidiu aparecer… eu ouvi bem? Um dos meus cavaleiros chamando um treino de um bando de monges de “Difícil”? — a mercenária repetiu, levantando uma sobrancelha. — O que tem aprendido?

  — Bem, meu treino ultimamente foca em técnicas da filosofia budista, algo assim.

  Alex assumiu uma postura de combate e come?ou a fazer os movimentos que havia praticado, cada golpe refletindo a combina??o do treinamento intenso, mas ainda com falhas. Ana observou atentamente, seus olhos críticos, mas amigáveis, analisando cada movimento com precis?o.

  — Eu vejo o problema — Ana disse, interrompendo-o após alguns minutos. — Seu estilo de luta ainda está preso nas velhas formas. é Vajramushti, certo?

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  — Sim, isso mesmo.

  — Se encaixa bem com você, mas precisa se libertar mais, tem que se alinhar com a fluidez de seu próprio estilo. Veja, o fluxo deve ser assim…

  Ana mudou sua postura relaxada para uma posi??o de combate, os olhos intensos, focados. Com um movimento fluido, ela se lan?ou em uma sequência de golpes rápidos.

  — Olhe, Alex, — disse ela, ao mudar lentamente seus movimentos. — Você deve deixar o golpe fluir a partir do centro do seu corpo.

  Ela continuou a demonstrar, enfatizando a importancia da fluidez. Ana girou, esquivando-se de um golpe imaginário, antes de lan?ar um ataque preciso. Seus pés mal se moviam, mas sempre mantinham uma posi??o prática para o próximo movimento.

  — Sinta o ritmo, a batida — ela instruiu, sua voz se tornando quase musical. — Cada movimento deve ser necessário, preciso, vital. Isso é Vajramushti, a heran?a de Shiva, o caminho do rei.

  Alex assistiu fascinado enquanto Ana seguia a sequência de movimentos que mesclava defesa e ataque com uma fluidez quase poética. O poder dos golpes era evidente, mas havia uma elegancia e um controle que os diferenciava do que ele estava aprendendo.

  Em meio a demonstra??o, Alex fez sua própria tentativa. Os movimentos que aprendeu do velho monge vieram a sua mente, assim como os movimentos que via Ana fazer ao seu lado, mas tentou aplicá-los sem tirar a liberdade de seu corpo seguir seus próprios instintos.

  Vendo que o jovem ca?ador havia entendido o que ela queria transmitir, Ana parou, passando a corrigir a postura de Alex com toques firmes e dire??es claras. Com cada ajuste, o garoto sentiu uma nova perspectiva se abrindo, seu corpo se movendo de forma mais fluida e eficiente.

  — Melhor — Ana comentou, assentindo com aprova??o. — Continue praticando assim.

  Eles treinaram juntos por um tempo, e a melhoria de Alex foi notável. Ele sorriu, sentindo um peso ser retirado de seus ombros.

  — Obrigado, Ana. Eu precisava disso.

  — De nada, Alex. Lembre-se que, se quiser, pode passar a treinar conosco, n?o precisa voltar lá.

  — Eu preciso seguir meu próprio caminho, mas manterei isso em mente.

  De repente, antes que a mercenária pudesse responder, Pedro chegou ao campo de treino. Ele avaliou de longe o progresso dos soldados sob a tutela de Ana, seu olhar sério suavizando-se em aprova??o.

  — Impressionante — Pedro disse, após um momento. — O progresso de todos aqui é notável. Estou satisfeito com seu trabalho.

  — Pedro, bem vindo. Infelizmente n?o é um sucesso completo, poucos aguentaram — respondeu Ana, com um meio sorriso — Aqueles que ficaram apresentaram uma clara melhora n?o apenas em for?a, mas em resistência, agilidade e, acima de tudo, em espírito. Falta experiência real e ca?a para que seus limites de mana sejam nivelados, mas já s?o mais do que o suficiente para evitar conflitos na cidade.

  Se despedindo de Júlia e Alex, a rainha de prata conduziu o homem pelo campo, mostrando os soldados treinando intensamente. O grupo de indisciplinados que antes dependiam apenas da mana agora estavam com músculos tonificados e executavam exercícios com precis?o e disciplina.

  — Agora realmente parecem um exército. Eu n?o vou negar, estava meio cético com os boatos que circulavam, mas você fez um trabalho incrível por aqui.

  — N?o era uma promessa vazia, eu disse que formaria elites, é isso que estou fazendo. Mas isso é só o come?o, a recupera??o dos músculos é absurda quando voltam a ativar mana no fim do treino, o crescimento nos próximos meses será tremendo — Ana respondeu, com uma sutil gargalhada, seus olhos n?o deixando dúvidas sobre suas palavras.

  “Parece que contratá-la foi a escolha certa”, pensou Pedro, feliz com o novo ponto de seguran?a que Leviathan teria em um mundo que entrava cada vez mais em caos.

  Os céus estavam claros, com um forte azul vibrante, quando grandes avi?es come?aram a aparecer em uma parte isolada do corpo da grande baleia branca. A chegada de tais aeronaves n?o era t?o comum, principalmente depois da comunica??o ser cortada, mas n?o era nada t?o estranho que chamasse a aten??o dos habitantes da enorme cidade livre.

  — Finalmente, de volta ao céu! — gritou um homem alto e musculoso, com uma barba espessa e um complexo olho robótico, enquanto descia do primeiro avi?o. Ao seu lado, um companheiro mais baixo e magro olhava ao redor, os olhos brilhando de excita??o.

  — Vamos fazer isso rápido, eles n?o v?o saber o que os atingiu — o segundo murmurou, puxando uma adaga. Ele olhou para seu capit?o com um sorriso predatório.

  — Calma, já chegamos t?o longe. Vamos apenas acampar até a hora certa — o homem barbudo respondeu, seu olhar afiado percorrendo a paisagem de Leviathan.

  Ao longe, outras aeronaves come?aram a pousar. Quando as rampas dos avi?es se abriram, centenas de pessoas, todas vestidas com roupas de couro e ostentando armas de fogo exóticas, desceram em uníssono.

  — Quantos s?o, afinal? — perguntou um terceiro homem, um jovem com um sorriso estranhamente tímido, olhando para os companheiros ao seu redor.

  — O suficiente para levar essa cidade, se tudo correr como planejado — respondeu o capit?o do olho robótico, observando seu grupo. — N?o estraguem tudo, se conquistarmos mais do que as outras tripula??es, seremos recompensados além da nossa imagina??o.

  Os piratas se dispersaram pela área, misturando-se com os habitantes locais. Enquanto se espalhavam, seus olhares mal escondiam a excita??o pelo que estava por vir.

  “Vamos ver o que esses filhos do céu têm para nos oferecer”, pensou o líder, um sorriso sombrio surgindo em seu rosto enquanto ele se dirigia para o centro da cidade, seus olhos cintilavam com um misto de ambi??o e intriga.

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