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Capítulo 37 - Oferta

  Os raios dourados de sol batiam fortemente nos soldados em corrida, brilhando sobre suas armaduras e destacando o suor que escorria enquanto se esfor?avam para manter os padr?es exigidos por Ana. Cada passo reverberava com determina??o e disciplina recém-adquiridas.

  Laura, agora promovida a sargento, liderava a corrida com vigor, sua postura ereta e comandos claros incentivando os soldados a darem o máximo de si. As novas insígnias em sua armadura reluziam, um símbolo de seu recente reconhecimento e promo??o.

  — Vamos, mantenham o ritmo! — gritou ela, sua voz ressoando com autoridade e energia, enquanto os soldados seguiam com determina??o.

  Muitos desistentes haviam voltado a se inscrever no exército, inspirados pelo desempenho heróico dos que resistiram ao treino pesado, e o campo vibrava com uma energia renovada.

  Vários civis assistiam aos treinos das beiradas, os olhos brilhando com fascínio e esperan?a. As crian?as apontavam para os soldados, imitando seus movimentos com sorrisos amplos, enquanto os mais velhos aplaudiam e incentivavam com palavras de encorajamento. O som dos aplausos misturava-se com o clangor das espadas e o ritmo das botas marchando, criando uma sinfonia inebriante.

  Dentro de uma sala próxima, Ana se encontrava em uma reuni?o estratégica com Pedro. A mesa estava coberta por mapas e relatórios, e, diferente do dia anterior, a atmosfera era de seriedade e concentra??o.

  — Os atacantes sempre subestimam Leviathan por n?o ter muralhas visíveis — come?ou Pedro, apontando para um mapa detalhado da cidade. — Eles esquecem que todos que sobem aqui enfrentam desafios que apenas aventureiros que se equiparam a ca?adores de rank D ou superiores conseguem suportar.

  — Apenas ranks D? — respondeu Ana, um sorriso ir?nico preenchia seus lábios enquanto seus olhos seguiam as linhas do mapa apontadas pelo líder mercenário. A luz do sol que entrava pela janela refletia em seu cabelo, criando um halo dourado ao seu redor.

  — Casos como o seu, onde ca?adores de rank E suportam a press?o das cordas, s?o raros. Você deve ficar feliz, tem uma boa equipe.

  — Vamos cortar o papo furado. Pra que me chamou aqui no meio do dia? N?o podia esperar o treino terminar?

  Pedro acenou suavemente em nega??o, e com uma express?o grave, se dirigiu à janela. Suas m?os estavam agitadas, mas sua postura se mantinha imponente, refletindo a seriedade do assunto.

  — Primeiro, vamos aos assuntos mais simples… a ajuda do Ironia Divina no ataque dos piratas irá ser considerada como sua miss?o obrigatória de patrona de prata, vou registrar isso em seu histórico. Honestamente, eu n?o tinha mais miss?es desse nível de exigência disponíveis para você no momento, ent?o pense nisso como um acréscimo bem-vindo na longa rota para a próxima coroa.

  — Entendo - respondeu Ana, pensativa, seus dedos tamborilando levemente na mesa. — Mas e se você… omitir que ajudei nisso?

  Ouvindo o estranho pedido, o olhar do homem se fixou no rosto da garota por um tempo. Apertando as têmporas ao finalmente entender as inten??es dela, ele continuou.

  — Quando chegar a hora você vai ganhar a nova coroa de qualquer forma, n?o vou arriscar represálias apenas para adiar o inevitável…

  Ana suspirou e se encostou na cadeira, aceitando a resposta com um aceno cansado, indicando para Pedro prosseguir.

  — Bom, agora vamos falar sobre o motivo de você estar aqui. Apesar do povo de Leviathan adorar os festivais, estamos cada vez mais conscientes de que é algo insustentável. Em Aurórea n?o tínhamos esse problema, o fluxo de pessoas era constante, mas no novo mundo o número de mortos nas invas?es está sendo maior do que o de novos moradores que embarcam em nossas voltas ao redor do mundo — suas palavras eram pesadas, transmitindo um ar triste e nostálgico. — O que construímos nessa cidade é precioso, algo que provavelmente nunca mais será visto na humanidade. N?o podemos deixar tudo ruir assim, mas sem meios de contactar outras cidades de forma fácil, estamos isolados, alvos atrativos para todo tipo de poder oculto.

  — Bom, essa é uma explica??o melhor para eu ter que treinar soldados em um lugar onde mal vejo uma briga de bar, mas creio que n?o posso ajudar nisso — Ana cruzou os bra?os, ponderando sobre as palavras de Pedro.

  — Na verdade, você pode. Eu quero estender nosso acordo, gostaria que você fizesse da cidade uma base semi-permanente de opera??es. Markus está severamente ferido, precisamos de alguém com lideran?a adequada para ocupar seu cargo de capit?o.

  — Você mesmo n?o é capaz disso? Suponho que sua coroa seja muito mais “nobre” que a minha.

  — N?o é bem assim que funciona… Reis nascem pelos mais variados motivos, e sobem na hierarquia da mesma forma. Tenho meus próprios méritos, mas infelizmente n?o est?o relacionados a minha marcialidade — Pedro respondeu com um sorriso triste, seus olhos refletindo a complexidade de sua posi??o e contrastando com o olhar desafiador da rainha a sua frente.

  Ana ficou em silêncio por um momento, considerando o pedido. Ela pensou em suas responsabilidades e na press?o que viria com o cargo.

  — Eu aprecio a oferta, mas ao menos por hora, devo recusar — murmurou Ana. — é um lugar incrível, mas antes de me estabelecer eu quero explorar esse mundo com meus próprios pés.

  — Pe?o que pense melhor nisso…

  — Minha liberdade n?o está aberta a negocia??es.

  Pedro ainda encarava o horizonte através da janela, e notando a falta de resposta às suas últimas palavras, Ana se retirou da sala. Na saída, a garota parou por um momento, observando os soldados em treinamento e os civis que ainda os aplaudiam. Ela n?o desgostava dessa vida e estava orgulhosa do avan?o dos soldados, mesmo ainda sendo insuficientes de seu ponto de vista, mas n?o era hora de criar raízes, seus olhos ainda precisavam registrar tudo da nova realidade em que vivia.

  — Julia, você está liberada por hoje — disse Ana, parando a garota ruiva que passava correndo ao seu lado. - Reúna os outros, precisamos conversar.

  O bar estava animado, com as luzes cintilantes refletindo nos copos e a música suave preenchendo o ambiente. As mesas estavam cheias de aventureiros e cidad?os, todos conversando animadamente sobre os eventos recentes. Alex e Júlia sentaram lado a lado, um sorriso leve nos lábios de ambos, enquanto observavam o movimento ao redor.

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  — E aí, o que acharam? N?o é legal?— perguntou Júlia, olhando para Ana com um brilho nos olhos. Ela estava mais relaxada, a tens?o dos dias anteriores parecia ter diminuído um pouco.

  — é realmente agradável, mas… o que significa isso? — disse Ana, um leve sorriso curvando seus lábios.

  — Bom, faz um tempo que come?amos a nos reunir aqui todos os dias depois dos treinos… no fim, deu no que deu — comentou Alex, balan?ando a cabe?a com um sorriso divertido. Ele olhou ao redor, notando a alegria e a energia contagiante dos frequentadores do bar enquanto seus dedos se entrela?aram mais fortemente com os dedos da garota ruiva.

  Ana e Felipe se encararam, ambos notando a surpresa no olhar um do outro ao descobrirem sobre os amantes. O rubor no rosto dos jovens estava deixando o clima levemente constrangedor, ent?o Felipe, com uma tosse fingida e um aceno de parabeniza??o para seu irm?o, mudou o assunto.

  — Alguém viu o Brayner? Ele n?o apareceu na reuni?o e nem foi ao festival, é um pouco estranho.

  — Ele está na biblioteca — respondeu Ana, se acomodando na cadeira. — Disse que tinha algo importante para ler, a mesma resposta de sempre desde que entrou na biblioteca — a mercenária deu de ombros, mas seu olhar demonstrava curiosidade sobre o que poderia ser t?o importante.

  — N?o é como se pudéssemos obrigá-lo, ele n?o entrou oficialmente pro time — resmungou Júlia, com uma express?o de descontentamento pela atitude do companheiro — Com ou sem ele, acho que temos muito o que comemorar. Um brinde a nós, por estarmos no pico do rank E após tantas lutas!

  — Um brinde por sobrevivermos a ontem! — prop?s Alex, erguendo seu copo. Sua voz estava cheia de orgulho e satisfa??o.

  — Um brinde pelo novo casal! — falou Felipe, acompanhando o gesto dos demais.

  “Fofos, mas cansativos”, Ana também levantou sua bebida, com um sorriso ainda mantido em seu rosto, mas seus pensamentos vagando longe dali. A anima??o do grupo a cansava aos poucos ao longo dos últimos meses, mas ela sabia que a estabilidade gerada por esses momentos era algo crucial para evitar trai??es ou desaven?as que poderiam a deixar em perigo durante as miss?es.

  O barulho dos copos se chocando ecoou pelo ambiente, misturando-se harmoniosamente ao som da música e das conversas ao redor.

  — Ent?o, o que vocês planejam fazer agora? — perguntou Ana, seu olhar percorrendo cada um dos membros do grupo. Ela estava curiosa sobre os pensamentos de seus companheiros e suas possíveis aspira??es.

  — As adagas rúnicas que pegamos dos piratas v?o ser uma grande dica para meu estudo sobre a prótese — explicou Felipe, inclinando-se para frente com um rosto iluminado pela empolga??o. — N?o parece fácil, mas pretendo tentar diferentes formas de imbuir magia nas balas.

  — Isso parece fascinante, e os dois pombinhos?

  — Vamos seguir com os treinos, talvez tentar aproveitar alguns passeios a mais pela cidade, mas nada demais… — respondeu Alex, falando também em nome de Júlia enquanto ficava novamente vermelho pelas palavras de sua líder.

  Ana observou o grupo por um momento, sua mente vagando pela conversa que teve com Pedro mais cedo enquanto ponderava sobre suas próximas palavras.

  — Vocês gostariam de ficar na cidade?

  O grupo ficou em silêncio por um momento, trocando olhares. Havia uma mistura de relutancia e curiosidade em suas express?es, refletindo a complexidade da decis?o que estavam prestes a tomar.

  — Vamos te seguir, Ana, seja lá o que escolher. Sem você teríamos entrado em algum emprego de escritório em Barueri, te devemos muito por nos dar a possibilidade de uma vida t?o emocionante — respondeu Júlia, com uma determina??o tranquila na voz. Seus olhos encontraram os de Ana, transmitindo confian?a e lealdade.

  — Estamos juntos nisso. Leviathan é incrível, mas nosso caminho está com você — Alex assentiu, sua express?o séria enquanto seu irm?o concordava com suas palavras.

  “Parecem animais adestrados”, pensou Ana, encarando de volta os olhares de fascínio.

  De repente, antes que a garota pudesse responder, a porta do bar se abriu com um estrondo, e um mercenário entrou. Ele era alto e musculoso, com uma express?o determinada e confiante ao apoiar as m?os em dois grandes machados que pendiam em seu cinto.

  — Você é Ana, a instrutora do exército, n?o é? — perguntou o mercenário, com um sorriso desafiador. — Vi sua luta contra aquele pirata, quero testar minhas habilidades contra você.

  Ana se levantou lentamente, avaliando o intruso. Sua postura era relaxada, mas seus olhos brilhavam com energia.

  — Faz tempo que os loucos n?o apareciam… você n?o tem mais o que fazer?

  — N?o sou louco… formalmente te desafio a uma troca de pontos de vista no coliseu. Encarecidamente pe?o que aceite! — disse o homem, apontando para um cartaz no canto do bar.

  Uma constru??o circular com uma grande arquibancada era apresentada. Seus rústicos detalhes lembravam Roma, mas havia um toque de modernidade nos hologramas de anúncios que giravam ao seu redor, causando certa estranheza ao observador.

  Ana se lembrou da pequena arena do Madame Eclipse, onde se perdeu no doce ecstasy da brutalidade durante a disputa.

  — Certo, vamos ao coliseu — Um sorriso malicioso preencheu seus olhos enquanto as palavras saiam inconscientemente de seus lábios.

  A luta foi breve, mas intensa. O mercenário era habilidoso, mas Ana usou sua técnica superior para desarmá-lo rapidamente. Eles trocaram golpes com fluidez, cada um testando o que o outro era capaz. Em um movimento final, Ana desferiu um golpe que fez o mercenário cair de joelhos, admitindo a derrota.

  — Obrigado pela luta — disse ele, levantando-se com dificuldade, mas com um sorriso no rosto. — Foi uma honra enfrentar você.

  — Até que n?o foi t?o ruim — respondeu a garota, limpando o suor da testa e sentindo a adrenalina ainda pulsar em suas veias.

  A primeira luta no coliseu acendeu algo dentro dela, uma paix?o que n?o sentia há tempos. A adrenalina, a excita??o e o desafio tornaram-se um vício

  Após conhecer o local vibrante e brutal, Ana come?ou a se dirigir à arena após cada sess?o de treino dos soldados. Sua presen?a tornou-se t?o comum que até os guardas e organizadores a saudavam com familiaridade.

  — A Eterna está aqui! — o anúncio ecoava pelos corredores, atraindo tanto veteranos quanto novatos dispostos a desafiar a rainha de prata que visitava Leviathan.

  Cada dia trazia um novo adversário. Algumas lutas a viam vitoriosa, derrotando seus oponentes com precis?o e for?a. Outras, porém, a levavam ao extremo, recebendo golpes brutais que a deixavam, por vezes, com alguns ossos trincados. A regra clara do coliseu proibia mortes, mas isso n?o diminuía a intensidade dos combates.

  As batalhas tornaram-se um ritual que Ana passou a ansiar. O som das armas colidindo, os gritos da multid?o, a sensa??o da luta. A brutalidade do coliseu trazia um sentimento de realiza??o que a vida cotidiana n?o oferecia. A arena transformou-se em seu campo de treinamento pessoal, onde a teoria se encontrava com a prática em um balé brutal de sobrevivência.

  Ana acordava todos os dias com o corpo marcado por hematomas e cortes profundos. Ela se perguntava se a violência era o caminho certo. A resposta, sempre clara em sua mente, era um retumbante sim. O combate a fazia sentir-se viva e conectada a algo maior, uma dan?a entre dor e triunfo que ela abra?ava com fervor.

  As lutas na arena eram uma válvula de escape, uma forma de canalizar sua energia e testar seus limites. Ela se divertia, mesmo nas derrotas, pois cada golpe recebido e cada queda ao ch?o eram lembran?as de que ela estava viva.

  Apesar dos ferimentos constantes, Ana nunca faltou aos seus deveres. Os soldados olhavam sua pele arroxeada e os arranh?es visíveis com preocupa??o, mas também com uma admira??o crescente.

  Com o tempo, a cidade come?ou a falar sobre ela n?o apenas como uma mercenária ou instrutora, mas sim como um tipo de lenda viva. As crian?as simulavam seus combates, os adultos contavam história de sua destreza pelos cantos. Ela n?o era a mais forte, mas até os mais céticos reconheciam as habilidades da mulher conhecida como "A Eterna".

  Com o tempo, a rotina de Ana se estabilizou. Os dias eram divididos entre o treinamento dos soldados, as reuni?es estratégicas com Pedro e as batalhas na arena. Algumas noites, na taverna de sempre, ela se encontrava com seus companheiros, compartilhando risadas e bobeiras do dia a dia.

  E assim, um ano se passou em Leviathan, com todos aproveitaram os pequenos prazeres de uma vida estranha, mas pacífica.

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