A manh? brilhava suavemente sobre Leviathan, trazendo consigo uma luz dourada que iluminava os corredores enigmáticos da cidade enquanto Ana acompanhava Pedro. Ao seu lado, Júlia balan?ava os bra?os, claramente animada com a perspectiva de descobrir mais sobre esse lugar único. A cada passo, a arquitetura revelava fascínio, com janelas que pareciam flutuar e portas que se abriam para vistas de tirar o f?lego do vasto céu azul.
Chegaram ent?o ao grande sal?o onde os líderes de Leviathan se reuniam. A sala, imponentemente vasta e com teto abobadado, estava adornada com bandeiras representando uma miríade de culturas. Os tronos, distribuídos de forma estratégica pelo sal?o, eram ocupados por figuras de variadas idades e etnias que discutiam animadamente, suas express?es refletindo a seriedade e o peso de suas responsabilidades.
— Ana, permita-me apresentar a equipe de governan?a de Leviathan. Aqui, cada membro representa um aspecto vital da nossa sociedade, — introduziu o líder mercenário, sua voz ressoando com uma gravidade que contrastava com seu habitual tom leve.
Um a um, os líderes foram se apresentando, terminando em Elina, uma mulher de meia-idade com cabelos prateados e uma presen?a que misturava autoridade e maternidade. Ela estendeu a m?o para Ana, seus olhos avaliando a jovem mercenária com uma mistura de curiosidade e cautela.
— Ana, em Leviathan, prezamos pela liberdade acima de tudo, mas é a ordem que nos mantém unidos e seguros nos céus. — Elina come?ou, sua voz firme e clara. — Você pode ser nova aqui, mas esperamos que todos que ocupam posi??es de responsabilidade entendam e respeitem nossas leis e costumes.
Ela entregou à garota um grosso volume encadernado em couro, o manual de condutas de Leviathan, pesado tanto em tamanho quanto em significado.
— Vocês s?o t?o rigorosos mesmo com funcionários terceirizados? — perguntou Ana, tentando aliviar a tens?o com um toque de humor. Apesar disso, já havia come?ado a folhear o manual, absorvendo as informa??es essenciais de cada página a uma velocidade assustadora.
“Mais uma irresponsável, ela deveria ao menos fingir ler. Preciso conversar com aquele idiota sobre os critérios de nossa sele??o”, pensou Elina, dando um profundo suspiro ao notar as páginas passando rapidamente, um aparente sinal de falta de seriedade da nova instrutora. Sem responder à brincadeira de Ana, ela saiu da sala.
Enquanto seguia a leitura, Ana sentiu a curiosidade e o peso de se tornar parte dessa complexa rede, refletindo se fez a escolha certa. Seu pensamento foi interrompido quando o servente, um pequeno garoto de aproximadamente 13 anos, a avisou que a esperavam no campo de treinamento.
Chegando ao local, a luz da tarde iluminava um grande campo aberto, destacando as várias áreas de treinamento ocupadas por soldados em constante movimento. A atmosfera estava carregada de sons de metal batendo contra metal, instru??es gritadas e o ocasional som alto de alguém comemorando um golpe bem-sucedido. O panorama visto era diverso: soldados de todas as idades, gêneros e etnias espalhados pelo campo, cada um envolvido em sua própria rotina de treinamento. A vista era impressionante, mas a nova instrutora n?o p?de deixar de torcer a boca.
“Ent?o s?o eles quem devo ensinar? N?o vai ser fácil…”, pensou ela, notando a falta de preparo da maioria deles.
Ao notar Pedro acenando em um canto, ela caminhou lentamente em sua dire??o. Um homem que se destacava entre os demais, tanto pela estatura quanto pela presen?a imponente, estava parado ao seu lado.
— Ana, esse é o Markus, o capit?o de nosso pequeno exército. Ele será seu principal contato aqui e, espero, um bom parceiro no treinamento de nossas for?as — disse Pedro, apresentando-os. Seguindo a indica??o de seu dedo indicador, Ana conseguiu observar o homem com mais detalhes. Seus músculos eram bem definidos, se destacando mesmo com o uniforme militar. Seus olhos, um cinza penetrante como a?o, apresentando uma express?o severa, mas extremamente confiável.
Markus estendeu a m?o, sua pegada era firme, transmitindo tanto for?a quanto controle. Ana respondeu com igual firmeza.
“Ele é forte”, percebeu ela, seu cora??o batendo com uma inadequada vontade de desafio.
— Ent?o, você é a mercenária que vai tentar nos treinar? — questionou Markus. Sua voz, a qual tinha um leve sotaque norte europeu, soava desconfiada, e seu olhar avaliador sobre Ana n?o escondia seu ceticismo. — Espero que tenha mais a oferecer do que parece à primeira vista.
— Espero poder compartilhar algumas técnicas que ser?o úteis.
— Compartilhar, você diz? Fico feliz que tenha dito isso! — com um largo sorriso, o capit?o sacou sua espada — Vamos, escolha uma arma, me mostre como é esse papo de ‘compartilhar’.
A garota também sorriu, ela concordava que era a forma mais rápida de resolver as coisas e sabia que as primeiras impress?es seriam cruciais para estabelecer sua autoridade e respeito entre os soldados. Sua faca negra de lamina estranhamente longa saiu com um som suave da bainha.
— Está me desprezando? Pegue uma arma de verdade! — a voz do grande homem, antes carismática, tornou-se fria ao ver a garota sacar apenas uma faca para seu embate.
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— Eu prefiro pensar que estou jogando com minhas for?as — respondeu Ana, com um sorriso tranquilo, se posicionando para o duelo.
Um curto silêncio se seguiu, e ent?o Markus fez o primeiro movimento, avan?ando com passos pesados que ecoavam no ch?o de terra batida. Sua estatura imponente e músculos potencializados pela mana tornaram seus movimentos poderosos, embora um tanto desajeitados.
— Vamos ver o que a famosa rainha tem para oferecer — murmurou ele, com um tom de desafio enquanto lan?ou um forte golpe diagonal que fez pequenas nuvens de poeira se levantarem.
“Ele n?o faz ideia do que está fazendo, mas ainda assim faz com tanta perfei??o”, pensou Ana, observando a maneira como ele recuperava o equilíbrio depois do golpe. Era claro que Markus dependia mais da for?a proporcionada pela mana do que de habilidades, o mesmo problema dos outros soldados.
Enquanto dava um calculado deslize para o lado para desviar da espada, sentindo o calor da lamina passar a centímetros de sua pele, a mercenária estudou detalhadamente a postura de seu oponente, catalogando a trajetória da espada, o equilíbrio do corpo e a previs?o de seu próximo ataque.
— Você é forte, mas previsível — Ana provocou, aproveitando a abertura proporcionada pelo golpe amplo para fechar rapidamente a distancia entre eles. Ela fez um ataque rápido, sua lamina vindo de baixo em um estranho angulo que visava um ponto vulnerável na armadura do capit?o.
— N?o subestime a experiência! — rugiu ele, bloqueando o ataque com um movimento brusco da espada. O metal cantava em um som estridente ao se chocar, fazendo faíscas voarem pelo contato intenso.
N?o se dando por vencida, Ana come?ou a empregar fintas e mudan?as de ritmo, for?ando o capit?o a ajustar constantemente seu estilo de luta mais direto e bruto. Com uma sequência de movimentos fluidos, ela fingiu um ataque alto, apenas para girar no último momento e mirar nos pés dele.
Quando o grande homem percebeu o verdadeiro ataque, já era tarde demais. Mesmo tentando desviar com um salto, o a?o frio da lamina de Ana tocou levemente o tecido de sua cal?a, um corte superficial que talvez tivesse pouca importancia em uma batalha real, mas com grande significado em frente a uma plateia.
— Impressionante! — Markus admitiu, recuperando o equilíbrio. Seus olhos, inicialmente confiantes, agora mostravam um brilho de reconhecimento. — Mas vamos ver como você lida com isso!
Aproveitando o momento, ele lan?ou um corte horizontal mirando o abd?men de Ana. A garota saltou para trás, com a grande espada cortando o ar onde ela estava no segundo anterior, mas antes que pudesse puxar a faca e preparar-se para o próximo ataque, Markus aumentou a press?o, dando uma série de estocadas rápidas que a for?aram a bloquear.
"Ele é rápido para alguém que depende tanto da for?a," Ana pensou. A mercenária conseguia notar cada abertura e cada padr?o nos ataques, mas a velocidade e a for?a dos golpes eram desafiadoras, lan?ando ondas de choque contínuas que adormeceram seus bra?os.
As respira??es de ambos os combatentes tornaram-se mais pesadas, o suor escorrendo pelas suas testas sob o sol escaldante, refletindo o esfor?o físico e mental exigido pelo combate. A grama sob seus pés estava agora marcada pelas botas pesadas de Markus e pelos passos leves de Ana.
No momento de uma pequena pausa nos ataques, Ana finalmente conseguiu recuar, girando sobre seus calcanhares, sentindo o vento da lamina passar perto de seu rosto, mas em um movimento que n?o deixava espa?o para respirar, Markus redirecionou sua espada para um grande corte vindo de cima que Ana mal conseguiu ver, bloqueando apenas por instinto.
A lamina parou a milímetros de sua camisa e, por um momento, eles permaneceram trancados nesta posi??o, se encarando. No entanto, Ana sentiu lentamente seus músculos cederem contra a for?a do homem à sua frente, uma demonstra??o de pura for?a bruta que dispensava técnicas complicadas.
Em uma última tentativa desesperada, Ana girou seu pulso na tentativa de desarmar Markus com um movimento ágil e preciso.
— N?o é suficiente — sussurrou o comandante, aumentando ainda mais a for?a do empurr?o e finalmente subjugando a garota, lan?ando-a pesadamente contra o ch?o, um ponto final dramático para a demonstra??o.
— Você é excepcional, garota, é uma pena que sua for?a n?o a acompanhe. Admito que subestimei você — falou Markus, estendendo a m?o para ajudá-la a se levantar. — Sua técnica é refinada, nossos soldados v?o aprender muito com você.
— Obrigada, Markus. Espero que me dê a chance de uma revanche de vez em quando.
O capit?o deu um aceno positivo e uma grande gargalhada, batendo nas costas da garota em despedida enquanto se retirava da cena. Os soldados, inicialmente t?o céticos quanto seu líder de que a pequena garota poderia treiná-los, come?aram a murmurar entre si, claramente impressionados.
“N?o foi o que eu esperava, mas parece que tudo deu certo”, pensou Ana, sentindo a onda de respeito crescer entre o grupo que estaria em breve sob sua tutela, uma aceita??o que sabia ser crucial para sua nova fun??o.
Júlia, que também tinha assistido à luta, puxou Ana de lado assim que as formalidades terminaram.
— Uau, isso foi algo! Quer dizer, eu sabia que você era boa, mas vê-la em a??o é sempre impressionante! Tudo bem se eu também treinar com os soldados? — perguntou a ca?adora ruiva, com uma risada boba no rosto. Seu espírito leve trouxe um sorriso ao rosto cansado de Ana.
— Você tem certeza? N?o vou pegar leve só por ser minha subordinada.
— Ué, tenho sim. Quer dizer, contanto que eu possa aproveitar minhas férias à tarde, estou dentro.
— é um acordo ent?o — respondeu Ana, balan?ando a cabe?a pelas tolices que acabara de ouvir. — Ent?o te vejo amanh?. é bom que esteja aqui no horário.
Batendo levemente no ombro de Júlia para se despedir, ela come?ou a caminhar de volta para seu alojamento. Um sorriso genuíno, de um tipo raramente visto, brilhava em seu rosto.
“Faz tempo que n?o me sinto assim, tentar algo novo é sempre t?o inebriante”, enquanto o sol come?ava a se p?r sobre Leviathan, Ana refletia sobre os eventos do dia. Apesar do peso das expectativas sobre seus ombros, também havia uma crescente empolga??o.
Ela já havia dado instru??es básicas para a Ironia Divina, e sempre foi rígida com seus horários de treinamento, mas isso n?o era ensinar, eram apenas ordens e dicas dadas a subordinados — os quais, por sinal, eram pagos para isso.
Pela primeira vez, ela seria uma verdadeira instrutora, ao invés de apenas uma voraz aprendiz.
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