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Capítulo 43 - Aliados

  A opera??o foi rápida, mas extremamente dolorosa. Ana trabalhou fez um corte limpo acima da infec??o, cauterizando a ferida com a lamina aquecida logo em seguida. Felipe se contorceu de dor, mas Júlia e Alex seguraram-no firmemente.

  Após o procedimento, a caverna voltou a um silêncio tenso. Os lagartos ainda observavam, mas pareciam mais desinteressados. Alguns deles, mais ousados, se aproximavam do grupo para recolher um dos corpos de seus antigos companheiros, arrastando-os para mais uma sess?o de degusta??o.

  — Ele vai sobreviver? — perguntou Júlia, sua voz fraca enquanto olhava para o garoto que caiu inconsciente, mas respirando de forma irregular.

  — Se conseguirmos mantê-lo estável, sim — respondeu Ana, limpando o suor da testa. — Mas teremos que ficar por um tempo, n?o tem como levar os dois para fora de forma segura. Pelo menos parece que n?o fomos perseguidos até aqui — a mercenária olhava para o caminho que vieram, pensando no motivo dos seguidores n?o terem aparecido.

  O grupo ia recuperando as for?as, lenta, mas constantemente. A carne dos lagartos, apesar de n?o ser a refei??o mais apetitosa, deu-lhes a energia necessária para aguentar.

  Entediada, a jovem ca?adora ruiva deitou-se ao lado de Alex, contando as gotas que caíam do teto de forma. Ana encarava os lagartos fixamente, mas sua mente se perdia em quest?es mal resolvidas sobre o que ela realmente era.

  — Ouvi algo... uma vibra??o estranha vindo do rio… — sussurrou Felipe, agora acordado, apontando na dire??o da correnteza. Ele estava deitado no ch?o, descansando, mas ainda pálido. Seu ouvido estava colado no solo.

  Ana franziu a testa e caminhou até a beira do fluxo de água. Por um momento, se distraiu com a beleza das luzes refletidas; eram como estrelas submersas, dando a impress?o de um universo à parte existir além das águas calmas. Ent?o, concentrando-se, p?de ouvir o som mencionado, um murmúrio baixo, quase como se algo estivesse se movendo sob a superfície da água. Ela observou atentamente, seus olhos treinados buscando qualquer sinal de perigo.

  De repente, uma sombra passou rapidamente por debaixo da água, movendo-se contra a correnteza. Ana se afastou rapidamente, puxando Júlia, que havia acabado de levantar-se, para trás.

  — Algo está vindo. Preparem-se!

  Os répteis gigantes, também alertas ao movimento na água, come?aram a se mover inquietamente, como se estivessem sentindo a presen?a de um predador.

  O rio come?ou a borbulhar, e uma figura emergiu lentamente. Era uma criatura com mais de cinco metros, gigantesca se comparada ao limitado espa?o da caverna. Era um ser composto de ossos e carne putrefata, coberto por uma pele translúcida que pulsava com uma luz fraca e azulada, quase como a própria bioluminescência das plantas grudadas nas paredes, revelando órg?os internos que pareciam estar em constante movimento. Sua cabe?a tinha uma forma??o disforme com múltiplos olhos distribuídos caoticamente e uma boca circular repleta de dentes afiados. Seus movimentos eram fluídos, mas havia algo perturbadoramente antinatural em cada um deles.

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  — O que diabos é isso? — exclamou Júlia, com o martelo em punho, pronta para o combate.

  A criatura emitiu um som gutural que reverberou pelas paredes da caverna, fazendo com que todos recuassem ainda mais. Suas pernas, semelhantes a tentáculos com estranhas garras nas pontas, come?aram a se mover em dire??o ao grupo, deixando um rastro viscoso por onde passava.

  De forma inesperada, os lagartos, percebendo a amea?a comum, come?aram a correr para o lado deles, deixando claro que o inimigo de antes era agora um aliado. Alex se for?ou a levantar, indo de forma desengon?ada para o lado de seu irm?o, para o caso de algum deles se aproximar demais. Os irm?os, nas piores condi??es, encostaram-se um no outro, determinados a sobreviver.

  A batalha foi feroz. O monstro n?o era t?o rápido, mas seus múltiplos membros atacavam de diferentes dire??es, cobrindo uma ampla área. Ana desviou de um dos tentáculos e atacou com sua negra espada curta, mas a lamina escorregou pela pele gelatinosa, sem causar dano significativo.

  — Isso n?o vai funcionar! — gritou ela, frustrada.

  Os ataques de Júlia foram ainda menos eficazes, ao balan?ar seu martelo com toda sua for?a, a carne da criatura apenas recuava momentaneamente, trazendo uma for?a de rebote que quase lan?ou a arma de suas m?os para longe.

  Os lagartos, agora aliados temporários, atacavam com for?a bruta, suas mandíbulas poderosas rasgando a pele translúcida da criatura. Apesar dos esfor?os combinados, o monstro parecia imparável.

  A batalha foi intensa e desesperadora. Cada golpe parecia apenas irritar mais a criatura, que contra-atacava com uma fúria descomunal. Pequenas feridas se fechavam rapidamente e seus tentáculos rasgavam o ar e a carne dos lagartos e dos combatentes.

  Um dos répteis, enrolado acidentalmente por uma das muitas pernas do estranho ser, foi simplesmente jogado para dentro do corpo translúcido. A pobre criatura esverdeada se debatia enquanto todos viam sua carne come?ar a se decompor em tempo real.

  “N?o temos chance contra essa coisa”, pensou Ana, recuando ao ser atingida na lateral de seu corpo por um pesado golpe, mas evitando demonstrar seus pensamentos para n?o baixar ainda mais a moral dos outros. De canto de olho, a garota notou alguns dos lagartos que, percebendo a futilidade da batalha, come?aram a recuar. Seus silvos de medo ecoavam pela caverna enquanto se afastavam, claramente aterrorizados.

  — Se segurem neles! — ordenou a rainha mercenária, vendo a única chance de escapar. — Vamos sair daqui!

  Sem pestanejar, cada um se agarrou ao lagarto mais próximo, firmando-se com o máximo de suas for?as aos corpos musculosos dos répteis. Incomodados, tentaram balan?ar seus corpos para se livrarem do peso extra, mas sem sucesso, permitiram que os membros da Ironia Divina cavalgassem neles em uma fuga desesperada.

  Para a sorte de todos, eles correram pela ponte de pedra, atravessando o rio e adentrando ainda mais nas profundezas da caverna. Após um tempo que pareceu uma eternidade, chegaram a um lugar mais seguro, onde os lagartos finalmente pararam.

  — Rápido, peguem as armas — gritou Ana, girando algumas vezes no ch?o pela parada brusca ao soltar o lagarto, mas logo arrumando sua postura. Seus olhos encaravam os supostos aliados de forma t?o afiada quanto a espada em suas m?os.

  Os répteis hesitaram, mas logo retribuíram o olhar intenso e, com fortes sibilos na dire??o do grupo, se viraram e desapareceram nas sombras, deixando-os sozinhos mais uma vez.

  — Estamos vivos... bom, pelo menos é uma história divertida — murmurou Ana, tentando recuperar o f?lego enquanto guardava sua espada. Seu sorriso dolorido no rosto tentava melhorar o clima, mas sem muito sucesso. — Vamos sair daqui antes que algo mais apare?a.

  O grupo acenou em concordancia, mesmo exaustos e machucados, podiam sentir que esse momento para respirar seria bem curto.

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